Game of Thrones Temporada 8, Episódio 2 - Análise Com Spoilers

 

E estamos de volta à nossa análise semanal de "Game of Thrones" para comentar o mais recente episódio chamado "Knight of the Seven Kingdoms".
 Ora mas que bela surpresa! Este episódio chegou com aquilo que a série estava a precisar, um travão. Uma pausa no espetáculo visual foi precisamente o que esta série precisava. Isto deve-se ao facto de que, na minha opinião, toda a turbulência da série fez com que a produção se torna-se numa correria atribulada para terminar de contar a história, o que acabou por resultar numa falta de emoção em diversos capítulos que derivava precisamente da falta de momentos mais pessoais, baseados no diálogo e desenvolvimento das personagens, algo que a série, em temporadas anteriores, conquistou com maestria, mas que se havia perdido pelo caminho.
 Contudo este episódio mostrou o verdadeiro nível desta história, num capítulo que se prova como o melhor desde a sexta temporada.
 Vamos então por partes. Seria de esperar que após o reencontro de Bran e Jaime no episódio passado, que o cavaleiro Lannister passaria por algum tipo de julgamento. A cena abre com Daenerys e Sansa a julgar o cavaleiro cujos olhos refletem o medo que ele sente perante os líderes de Winterfell. A sua expressão ao ouvir Bran dizer "The things we do for love" vem com um misto de medo e arrependimento, entregado perfeitamente por Nicolaj-Coster Waldaw. Em defesa do seu irmão vem Tyrion Lannister, que acaba repreendido pela sua rainha numa cena que me volta a fazer pensar o quão impiedosa a rainha dos dragões consegue ser. Penso que após tudo o que a Daenerys passou, é normal que ela se sinta desta forma, contudo, acho que uma rainha precisa de ser mais moderada e consciente e isso é algo que falta à personagem e que pode vir a ser um problema para ela nos próximos episódios. Após isto, temos Brienne of Tarth a surgir em defesa de Jaime, acabando por convencer Sansa e Jon a deixar Jaime juntar-se ao exército. Interessante nesta parte é, mais uma vez, a reação de Daenerys, ao esperar que Jon apoie o seu lado, e a desilusão na sua face ao aperceber-se do contrário. Voltarei a tocar neste assunto.


 Após este momento passamos então para uma discussão entre Daenerys e Tyrion no qual ela o ameaça retirar-lhe o cargo de Mão da Rainha. A falta de compaixão nesta personagem é algo que me impressiona imenso. Penso que Daenerys esta numa posição frágil, após a perda do seu dragão Viserion e da falta de confiança do povo nortenho em relação a ela, penso que tudo isto a deixou muito abatida e que talvez seja por essa razão que a sua crueza esteja a surgir de forma tão impulsiva.
Após isto, seria de esperar que o seu amigo mais antigo, Jorah Mormont, a aconselhasse a avaliar os seus atos e tentar reconciliar-se não só com Tyrion mas também com Sansa Stark, o que nos leva a um dos melhores diálogos deste episódio. A disputa entre Sansa e Daenerys é das tramas mais interessantes desta temporada. Pessoalmente, achei enternecedor ver ambas juntas com o mesmo objetivo. Sansa quase confia em Daenerys, contudo lembra à rainha que o norte não se verga, e Daenerys mais uma vez não aceita isto. Acho interessante ver como a série está a deixar vários personagens em disputa antes do confronto contra o Rei da noite, e penso que vai levar a um grande desiquílibrio racional na batalha, principalmente pela parte da Daenerys.


 A volta de Theon Greyjoy marca outro reencontro na série entre ele e Sansa Stark. A jornada desta personagem é muito interessante. Não acho que sobreviva o próximo episódio, penso que morrerá na batalha como o seu último ato de redenção.
 Outro personagem que penso que não irá sobreviver à grande batalha de Winterfell é Jorah Mormont. Com a entrega da espada de aço valiriano por Sammwel Tarly, a história deste cavaleiro parece caminhar para o seu desfecho. Não me surpreenderia se ele caisse no campo da batalha no próximo capítulo.
 Neste episódio, vimos também Arya Stark, numa cena que gerou muita polémica entre os fãs da série. Pessoalmente, gosto da cena. Acho que faz todo o sentido por parte da personagem querer experienciar ter relações sexuais, sendo que esta talvez fosse a sua última noite. Não deixo de ter estranhado a nudez da atriz. Talvez por ter acompanhado o seu crescimento ao longo da série, ainda que esta tenha aceito despir-se na tela, não achei que fosse necessário. Dito isto, a cena, no que diz respeito à história da personagem, é mais que justificada e faz todo o sentido.



 Quero reiterar o senso de medo que as personagens sentem. "Esta pode ser a nossa última noite" é uma frase dita mais que uma vez neste episódio. A cena que melhor representa este tema é o momento em que Tyrion, Jaime, Davos, Brienne, Tormund e Podric se sentam à volta da lareira e conversam sobre eles mesmos e sobre os momentos em que ja enfrentaram a morte. Esta cena é genial. Remete precisamente ao que eu achava que faltava na série e que as primeiras temporadas faziam tão bem. Um senso puro de desenvolvimento de personagens através de diálogos. Seja com momentos cómicos, como o Tormund a beber leite de gigante, ou com momentos mais sutis, como a canção do Podric, que transmite uma sensacão de perigo iminente que me remeteu a uma cena idêntica do filme "Senhor dos Aneis O Regresso do Rei", na qual a personagem Pippin canta uma música que antecede a guerra.
 Mas o maior momento desta cena e do episódio como um todo, é Jaime Lannister a nomear Brienne como um cavaleiro de Westeros. Ver esta personagem a ter o que merece depois de passar a vida a ser deitada abaixo pelas leis dos sete reinos foi extremamente recompensador.


 Terminamos o episódio com a revelação de Jon Snow a Daenerys. Ele, que a evitou durante todo o episódio, finalmente conta à sua rainha que também ele é um Targaeryen. Esta fica perplexa e não consegue acreditar no que ouve. Mais uma vez Daenerys assume uma ameaça ao pensar que Jon Snow pode vir a tentar tirar lhe o lugar no trono de ferro agora que ele assume que é o herdeiro legítimo. Acabar o episódio com a chegada dos White Walkers após esta discussão, marca não só o perigo e a grande ameaça que esta por vir mas também reinforça o grande desiquilibrio nas relações entre estas duas personagens, que, na minha opinião, pode vir a prejudicar o seu lado no campo de batalha.
 Este é o melhor episódio da série desde a sexta temporada. O argumento trouxe de volta cenas mais simples e focadas no desenvolvimento das personagens que havia sido posto de lado nos capítulos recentes mas que tanto caracterizava a série. É um episódio de Game of Thrones às antigas, que nos deixa prontos para a grande batalha por vir. Mal posso esperar pelo próximo episódio!


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