Steven Spielberg... Ainda me lembro de quando vi pela primeira vez um filme do tão falado realizador. Tinha eu cinco anos, e um interesse enorme por tubarões. Quando descobri que a minha tia tinha o DVD não tardou muito a pedi-lo emprestado. E foi assim, que no quarto da minha avó, numa televisão pequena e luzes apagadas sou apresentado ao tão magnífico filme "Jaws". Fiquei colado ao ecrã. Desde os sustos à incrível aventura do Chefe Brody para caçar o tubarão que atormentava a ilha Amity, fiquei deslumbrado com o trabalho do realizador.
Não vejo em Steven Spielberg o meu realizador preferido, está sim entre os meus melhores, mas penso nele como alguém que me abriu as portas a este mundo e me fez ver o quão mágico o cinema pode ser, desde crianças a voarem em bicicletas, às aventuras de um arqueólogo, se não fosse este senhor talvez não estaria tão interessado em cinema como hoje estou.
Eis que nos chega esta carta carregada de Easter eggs e nostalgia chamada "Ready Player One". Antes de mais nada, tenho a mostrar que gosto bastante desta nova moda, de retomar os anos 80, isto porque grande parte dos filmes que me marcaram quando era mais novo foram precisamente dessa época, obras como "Back To the Future" ou "Star Wars", são especiais para mim, de tal forma que vê-los serem homenageados, em séries como "Stranger Things", ou filmes como "Super 8", o sucesso "IT", e agora "Ready Player One", além de ser espetacular, transmite uma sensação reconfortante, aquilo a que chamamos nostalgia.
Ora isto da nostalgia, tem sido a grande cartada dos estúdios que ao apelarem a este sentimento, atraem mais publico, que fica feliz, e repito, reconfortado, ao recordar as obras da sua infância. E o que é certo é que isto tem dado resultado, basta olharmos para o sucesso de "Stranger Things" e "It", ambos situados nos anos 80, o primeiro cheio de referências e rimas visuais, e que além de nos levarem ao tal sentimento nostálgico, ainda nos entregam uma história nova e original, a meu ver outro fator relevante para o sucesso de ambas as obras.
A grande questão é, até que ponto isto irá resultar. A meu ver, podia até nunca acabar desde que haja um certo equilíbrio. Encher o filme de referências não é suficiente para o tornar cativante, é necessário criar uma história concisa, bem trabalhada e com personagens cativantes.
Ainda não foi desta que falharam. Tenho a dizer maioritariamente coisas boas sobre "Ready player One". Adorei o filme, não só pela extrema quantidade de easter eggs, mas também pela forma como eles os utilizam a favor da história, e principalmente pela direção do realizador Steven Spielberg que consegue de forma impecável transportar-nos para o mundo do "Oasis" e fazer-nos sentir que estamos lá. É essa a magia presente nas produções do realizador com as quais cresci e tanto me inspirei.
A meu ver esta onda nostálgica é algo bom, pois não só nos faz lembrar certas obras como também as apresenta a pessoal mais novo, fazendo com que essas produções ganhem mais vida ao longo dos anos. No entanto isto levanta uma questão. Será que há falta de ideias em Hollywood? Será que estamos a perder originalidade? É mais que óbvio que não há muita originalidade hoje em dia, é um facto, são poucos os que refrescam a sétima arte no meio desta parafernália de sequelas, reboots, ou estes filmes a que podemos chamar um grande Easter Egg. É difícil que algo diferente se sobressaia, até porque a audiência que supostamente grita por algo novo, muitas vezes o refuta quando tal aparece, algo que pudemos ver com o recente "Star Wars The Last Jedi", ou num dos meus filmes de terror preferidos "The Witch", cujo público torceu o nariz por "não ser como estavam à espera", caindo assim num paradoxo, de um público que simplesmente não sabe o que quer.
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